Nos dias 18, 19 e 20 de julho, o Conselho Regional de Serviço Social – 10ª Região (CRESSRS) sediou, em Porto Alegre (RS), o 52º Encontro Descentralizado do Conjunto CFESS-CRESS da Região Sul.
O evento reuniu delegações dos CRESS do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além de representantes do CFESS, ABEPSS e ENESSO, para debater e avaliar as deliberações do 50º Encontro Nacional, bem como indicar temas e ações político-organizativos para o próximo triênio. A próxima etapa será o 52º Encontro Nacional do Conjunto CFESS-CRESS, de 4 a 7 de setembro, em Campo Grande (MS).
O Encontro teve como destaque a reflexão sobre os impactos da maior enchente da história do RS, ocorrida em maio de 2024, e sobre o papel de assistentes sociais em contextos de desastres.
A mesa de abertura, realizada na sexta-feira (18), abordou o tema “Serviço Social e Racismo Ambiental: desafios para um projeto de sociedade emancipatório”, com participação da socióloga e militante do Movimento Negro Unificado (MNU), Reginete Bispo, e da assistente social e doutora em Serviço Social, Silvia Tejadas, sob mediação de Ana Lúcia Magalhães, vice-presidenta do CRESSRS.
Reginete contextualizou o racismo como uma estrutura de poder que marginaliza com base na cor da pele e origem étnico-cultural. Destacou o conceito de racismo ambiental, que evidencia a exposição desproporcional de populações negras e indígenas a riscos ambientais, como enchentes, poluição e ausência de saneamento. Para ela, essa desigualdade é estrutural no Brasil.
Silvia Tejadas destacou a atuação qualificada das/os assistentes sociais durante os eventos climáticos, contribuindo com o planejamento governamental, articulações interministeriais e assessoria ao Sistema de Justiça. Contudo, ressaltou os desafios enfrentados, como a desvalorização da profissão, muitas vezes confundida com ações voluntárias ou assistencialistas. Ela reforçou que o Serviço Social possui fundamentos teóricos, éticos e técnicos sólidos para atuar nesses contextos de forma crítica e propositiva.
EIXOS TEMÁTICOS
No sábado (19), as/os participantes se dividiram em grupos para discutir os sete eixos que estruturam a atuação do Conjunto CFESS-CRESS. Após um dia de intensos debates, foi debatido e discutidas indicações de temas para o próximo triênio (2026-2029) que serão levadas ao Encontro Nacional. São elas:
• Administrativo-financeiro: Gestão do trabalho; Sustentabilidade financeira dos CRESS; Sistemas informatizados.
• Ética e Direitos Humanos: Processos éticos; Enfrentamento das violências; Defesa da laicidade do Estado.
• Orientação e Fiscalização: Atuação no sistema penal; Fiscalização profissional; Intervenções em contextos de desastres.
• Seguridade Social: Participação e controle social; Direito à cidade e justiça socioambiental; Integração com a COFI.
• Formação Profissional: Formação antirracista, anticapacitista, antiLGBTQIA+fóbica, antissexista e antietarista; Enfrentamento da precarização do ensino e do trabalho; Fortalecimento do Fórum de Formação.
• Relações Internacionais: Relações com países de fronteira; Defesa de refugiados/as e povos indígenas em territórios fronteiriços.
• Comunicação: Estratégias de comunicação em emergências; Uso de TICs e Inteligência Artificial; Combate à desinformação.
PLENÁRIA E MOÇÃO DE REPÚDIO
No domingo (20), a Plenária Final reuniu todas as delegações no auditório da FAMURS para aprovação das propostas regionais. Durante a plenária, foi aprovada uma moção de repúdio às comunidades indígenas Ava-Guarani do Oeste do Paraná, que enfrentam violência e disputas fundiárias desde a construção da Usina de Itaipu. O documento, assinado pelos CRESS da Região Sul e pelo Comitê de Assistentes Sociais no Combate ao Racismo e à Luta Anticapacitista, exige investigação rigorosa e responsabilização dos envolvidos nos ataques.
[Leia aqui a moção de repúdio na íntegra]
Galeria de fotos:
Crédito texto e fotos: Mariana de Mattos – assessora de comunicação CRESS 10ª Região
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