23/09/2017
Evento contou com a presença de assistentes sociais, psicólogos/as, terapeutas ocupacionais, advogados/as e educadores sociais, entre outros/as.
por Assessoria de Comunicação CRESSRS
O Seminário Estadual “A identidade dos/as trabalhadores/as do SUAS em tempos de conservadorismo” teve início na PUCRS, na manhã desta sexta-feira, 22 de setembro. Depois da abertura, com a leitura do poema “Dissidência ou a arte de dissidiar” de Mauro Iasi, pelo assistente social Rodrigo Nunes e a vice-presidenta do CRESSRS, Loiva Mara de Oliveira Machado, foram chamados/as à mesa a advogada Jucemara Beltrame e a usuária Maria Lopes, representantes do Fórum de Trabalhadores e Usuários do SUAS, o presidente do CRESSRS, Agnaldo Engel Knevitz e a presidenta do CRP, Silvana de Oliveira. Representando o Programa de Assessoramento, Defesa e Garantia de Direitos da PUCRS, a Assistente Social Lisiane Costa dos Santos e representando o CEAS (Conselho Estadual de Assistência Social), a Assistente Social Leila Thomassim.
Denunciando um corte de 97% no orçamento do SUAS para 2018, Agnaldo lembrou que o momento não é apenas de desmonte, mas de aniquilamento das políticas públicas expressos na expansão dos planos de saúde “populares”, nos cortes de investimento no Ensino Superior e na reforma do Ensino Médio, na reforma trabalhista e na proposta de reforma previdenciária. Nesse sentido, discutir a identidade do/a trabalhador/a do SUAS se faz necessário para nos possibilitar compreender essa conjuntura e traçar estratégias coletivas, “é assumir a tarefa militante de defender o Sistema Único de Assistência Social e as políticas de Seguridade Social pública”, declarou. Silvana de Oliveira ressaltou ainda a importância do combate ao conservadorismo, lembrando a polêmica sobre a “cura gay” por psicólogos, sugerida por um juíz do Distrito Federal.
Abertos os trabalhos do Seminário, a Professora Berenice Rojas Couto, do Programa de Pós Graduação em Serviço Social da PUCRS, criticou o posicionamento da esquerda, que nas últimas eleições se absteve de votar. Para ela, a retomada do poder pela direita não se deve, necessariamente, a uma escolha da população. “A direita ganhou as eleições com uma margem de 30% dos votos por que a esquerda desistiu da política”, desabafou. Segundo Berenice, na atual conjuntura “Tudo o que é coletivo se tornou corrupto e tudo que é direito virou assistencialismo. Não basta gritar Fora Temer, é preciso reformular o Congresso e constranger o Judiciário”, concluiu.
Durante todo o seminário, a falta de formação e engajamento político permeou as falas de todos os/as convidados. A psicóloga social, Solange Leite, apostou na escuta para humanizar a relação dos trabalhadores/as e usuários/as. Para ela, é preciso que o trabalhador se reconheça como “classe trabalhadora” e entenda que sua a relação com o usuário/a é indissociável. O educador social, Carlinhos Guarnieri, concordou: “É intrínseco do trabalhador do SUAS ser um facilitador da participacão popular e do controle social. Antes eu achava que isso era tarefa exclusiva do usuário das políticas públicas. Hoje entendo que é necessário trabalhar o machismo, o racismo, a homofobia, o uso problemático de drogas, para construir estratégias e mudar essa realidade”.
Para Leila Thomassim, a identidade conservadora se deve a um processo de construção histórica, que tem suas raízes em uma visão paternalista e clientelista da assistência, fundada a partir da inserção das igrejas, do voluntariado e do primeiro damismo, que persiste ainda nos dias de hoje. Para criar estratégias de enfrentamento, os participantes se dividiram em 5 grupos, que se reuniram na parte da tarde: Trabalhadores do SUAS em seus diferentes vínculos e suas implicações no cotidiano do exercício profissional; Desafios dos trabalhadores do SUAS no combate ao conservadorismo e ao clientelismo; Interfaces das diferentes ocupações/funções na efetivação do SUAS; Compromisso ético-político com a defesa da laicidade e da profissionalização na implementação do SUAS enquanto política pública de Estado; e a A identidade do trabalhador do SUAS na perspectiva dos usuários. Depois de sistematizadas as discussões, os grupo apresentaram propostas e a mesa fez suas considerações finais.
Por fim, para celebrar o Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, que foi instituído pelo movimento social em Encontro Nacional, em 1982, sendo escolhido o dia 21 de setembro pela proximidade com a primavera e o dia da árvore numa representação do nascimento das reivindicações de cidadania e participação plena em igualdade de condições. o CRESSRS reforçou o compromisso da entidade com a defesa da equidade e das políticas de acessibilidade, e em cerimônia para este fim, entregou exemplares do Código de Ética em braille a representantes de instituições de atendimento à pessoas com deficiência.
Na solenidade estiveram presentes, o Sr. Odilon Fernandes - Vice-Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência -COMDEPA; o Sr. Gilberto Kemer - Presidente da Associação de Cegos do Rio Grande do Sul – ACERGS; o Sr. Adilso Corlassoli - Coordenador de Políticas da Pessoa com Deficiência da Secretaria Desenvolvimento Social Trabalho, Justiça e Direitos Humanos; e a Sra. Fernanda Vicari - Assistente Social do Projeto Rumo Norte, militante do Movimento Social, participante do Grupo de Mulheres com deficiência – Inclusivas e Presidente da Associação Gaúcha de Distrofia Muscular – AGADIM e a mesa foi coordenada pela Assessora Técnica do CRESSRS, Assistente Social Fabiana Beretta Bialoglowka, que é representante do CRESSRS no Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência de Porto Alegre – COMDEPA. Com o lema “Nada sobre nós sem nós”, Adilso Corlassoli, dirigente da Secretaria de Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos do RS, elogiou a iniciativa e reforçou a importância de incluir as pessoas com deficiência para somar na luta política. “Se eu não tenho acessibilidade para sair de casa e lutar pelos meus direitos, essa sociedade jamais irá se modificar”, pontuou.
Foto: Gabriela Thomaz/CRESSRS