Dia 21 de Janeiro, Dia Nacional de combate à Intolerância Religiosa, lideranças de povos de povos de terreiros e representantes das comunidades de matriz africana do Rio Grande do Sul participam, em Porto Alegre, da V Marcha Estadual pela Vida e Liberdade Religiosa do RS. Em Porto Alegre, o dia 21 também foi instituído, por meio de projeto de Lei, como o Dia Municipal de Combate à Intolerância Religiosa.
A V Marcha Estadual pela Vida e Liberdade Religiosa do RS acontecerá dentro da programação do Seminário O Projeto Urbanístico em Função da Copa/2014 -Processo de Desterritorialização Simbólica e Material de Terreiros de Porto Alegre e Região, que acontecerá na sede do Sindisprev (Travessa Francisco Leonardo Truda, 40, 12ª andar - Centro), das 08h às 13hs do dia 21.
Às 14h, será assinado, no Palácio Piratini, pelo Governador Tarso Genro, decreto que cria Grupo de Trabalho para a implementação do Conselho dos Povos de Terreiros e da Política de Promoção da Igualdade Racial do Estado do Rio Grande do Sul. Às 16h começa, no Largo Glênio Peres, a concentração para a V Marcha que começa às 18hs, e que, segundo a coordenação do evento, deve reunir em torno de 5 mil participantes. A IV Marcha, realizada em 2012, reuniu cerca de 3 mil pessoas.
"O Seminário deste ano traz um tema que está sendo muito caro para as comunidades de povos de terreiros, já que trata de uma das práticas do racismo que chamamos de "faxina étnica", quando tentam banir dos espaços urbanos nossos terreiros e famílias pobres, e na sua maioria negras, por causa de um evento como a Copa do Mundo", afirma o coordenador do Seminário e da Marcha, Babá Diba de Iyemanjá.
Segundo ele, o caso mais grave é o da Vila Cruzeiros, por onde deverá passar a Avenida Tronco, e onde deverá acontecer a desapropriação de cerca de 26 terreiros,dentre eles o Reino da Mãe Osun da Iyalorisa Mãe Maria de Osun que acredita-se seja o primeiro Terreiro de Candomblé do Estado do RS, situado ali há mais de quarenta anos. "Isso fere diversos acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário, a constituição federal e a Convenção 169 da OIT, já que não está seguindo as diretrizes legais, engendrando um processo, já muito conhecido pelo nosso povo, que se chama desterritorialização, e aumentando o passivo do Estado para com nosso povo", acrescenta Babá Diba. Ainda de acordo com ele, em todo o Rio Grande do Sul, estima-se que existam 65 mil terreiros de comunidades de Matriz Africana.
O seminário O Projeto Urbanístico em Função da Copa/2014 -Processo de Desterritorialização Simbólica e Material de Terreiros de Porto Alegre e Região contará ainda com a participação da ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) da secretária de Políticas para Comunidades Tradicionais da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SECOMT/SEPPIR/PR), Silvany Euclênio Silva, além de representantes de órgãos estaduais, dos Ministério Público Federal e Estadual e da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil.
Por: Heli Espíndola, Comunicação/SCDC
Foto: IV Marcha/Divulgação
Fonte: www.cultura.gov.br