20/11/2020
20 de Novembro - Dia de Zumbi, Dia da Consciência Negra
por CEDH
Pela vida de Beto, pela memória e honra do povo negro, aquilombar-se não cabe em um mês!
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A resistência do povo negro atravessou mares, vieram de longe, e se mantém ainda hoje, viva e necessária. Ao contrário do que muitos pensam, a abolição da escravatura no século XIX e a instituição do Estado Democrático de Direito em 1988, não impediu a manutenção do racismo que, como sombra vêm estruturando as relações sociais deste país ceifando vidas negras, corpos negros e construindo abismos de desigualdades sociais.
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A violência do racismo se traduz no genocídio da população negra que, no dia de ontem, 19/11/2020, vitimou João Alberto Ferreira Silveira Freitas, 40 anos, homem preto e cliente do Hipermercado Carrefour. Beto teve sua vida ceifada de forma brutal pelos seguranças do estabelecimento no município de Porto Alegre/RS, assim como tantas/os outras/os vítimas da violência racista neste país.
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Não podemos mais nos calar diante da barbárie! É preciso unificar forças coletivas que façam prevalecer que vidas negras de fato importam. Precisamos nos despir deste véu que nos acoberta ao dizermos que o racismo é estrutural e logo, muito difícil modificar tal estrutura. Os movimentos negros historicamente apontam saídas, estratégias, e lutas antirracistas, mas para isso é preciso aprender com eles, reconhecer essa luta e tomarmos para si a seguinte reflexão: Até quando pessoas negras serão violentadas e assassinadas em razão da cor da sua pele?
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Não podemos deixar de destacar que o capitalismo surgiu e se mantém a partir da manutenção do racismo.
Aquilombar-se significa ir contra a ordem! A práxis antirracista só será possível mediante a luta cotidiana e histórica, que só terá fim quando a dominação deixar de determinar as relações sociais, raciais e de gênero.
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Neste sentido, vimos manifestar de forma respeitosa, nossa solidariedade aos amigos, família e comunidade do Beto, pedindo as autoridades que responsabilizem imediatamente os autores desta barbárie, incluindo a empresa, pois este tipo de violência no Carrefour é um fato recorrente. Sem justiça, não há paz!
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Em memória e honra à história negra deste país, no Dia da Consciência Negra, saudamos o legado, a luta e a bravura das/os ancestrais pretas/os e a todas/os aquelas/es que ajudam a construir lutas e resistências.
Vidas negras importam!
Foto: Imprensa CRESSRS