11/12/2015
O Grupo de Trabalho Serviço Social na Educação, do CRESS/RS, realizou sua primeira roda de conversa “Serviço Social e Educação: identificação de expressões sociais e reflexões sobre as formações acadêmicas”.
por Assessoria de Comunicação do CRESS
A atividade aconteceu na tarde da quinta-feira, 3/12, na sede do CRESS/RS e contou com a participação das professoras e professor convidados: Anelise Gregis Estivalet, da Faculdade de Sociologia da UFRGS, Giovane Scherer, da Faculdade de Serviço Social da PUCRS e Maria Isabel da Cunha, da Faculdade de Educação da UNISINOS/RS.
Após a apresentação pela coordenadora do GT Serviço Social na Educação, Joice Lopes da Silva, a conversa foi aberta com a fala da professora Anelise Estivalet (UFRGS) acerca da rigidez institucional que é reproduzida no sistema de educação. A professora considera que o desinteresse dos estudantes é também reflexo de um sistema que está ultrapassado. "Hoje em dia continuamos formando professores para uma escola que não existe". A alternativa seria fazer da escola um espaço em que o estudante tivesse um papel na construção do conhecimento, em que ele fosse ouvido para poder colaborar no processo educativo.
Anelise critica ainda o contato tardio dos educadores com a realidade da escola em sua formação. "Passamos a faculdade inteira sem ter contato com estudantes, e quando chegamos lá, esquecemos que nós também já ocupamos aquele lugar. Nós também fomos alunos.". A professora considera ainda que a supervalorização do conhecimento científico afasta os educadores dos estudantes, reproduzindo o sistema hierárquico da sociedade dentro da sala de aula. Sobre a sua experiência como educadora conta, "Meu conhecimento só é diferente, ali tem que haver uma troca".
A reprodução do modelo da sociedade dentro do sistema de educação também se dá através da questão social, de classe. Para a professora Maria Isabel (UNISINOS) isso se evidencia na discussão do direito à educação pública, que era limitada ao direito ao acesso à educação, e não à permanência. O fato da permanência estar sendo pautada com mais atenção mostra um avanço nas políticas públicas. Maria Isabel aponta aqui a importância da presença de um quadro de profissionais não docentes nas escolas. "Para garantir a permanência as demandas são mais complexas. É necessário ter um psicólogo, um assistente social", considera.
O professor Giovani Scherer (PUCRS) destaca o papel político da educação na construção de uma visão crítica do mundo. Segundo o professor esse papel tem um atravessamento ideológico, "O Estado neoliberal realiza o desmantelamento em políticas públicas, e isso atinge a educação". Dados apontam o Brasil como país fora de situação de guerra que mais mata jovens. Para Giovani isso se reflete no sistema de educação, onde a relação da escola com os alunos, muitas vezes de invisibilização, constitui uma violência estrutural. "Temos que olhar para a escola como algo inserido na sociedade, atuar dentro do sistema de educação para além da demanda institucional. Temos que ser agentes políticos nessa lógica", aponta.
As assistentes presentes reforçaram a importância de ouvir o estudante, de respeitar o seu processo e lugar de fala como forma de evitar a invisibilização do mesmo. A discussão levou à conclusão da necessidade de perceber a escola de forma mais ampla, tendo flexibilidade para dialogar com os alunos, adaptar-se às linguagens familiarizadas a eles e construindo também um diálogo maior entre assistentes sociais, professores e quaisquer outros profissionais que componham o quadro de uma instituição de ensino.
Foto: Yamini Benites