06/10/2017
Entidade alerta de que em um contexto cada vez maior de desmonte, acesso aos serviços de saúde fica mais restrito
por Assessoria de Comunicação CRESSRS
Estimular o debate e alertar a população sobre o câncer de mama. Esses são alguns dos objetivos do movimento chamado Outubro Rosa. Durante um mês, anualmente, inúmeras entidades ligadas à área da saúde abraçam uma campanha para disseminar informações sobre a detecção precoce da doença, contribuindo, inclusive, para a redução da mortalidade das mulheres.
Nesse sentido, o CFESS, desde o ano passado, passou a adotar, em seus perfis nas redes sociais, as cores da campanha no mês de outubro, fazendo um chamado às assistentes sociais mulheres, grande maioria da categoria, para se atentarem às questões que envolvem a doença.
O Instituto Nacional do Câncer (Inca), vinculado ao Ministério da Saúde, enfatiza a importância de a mulher conhecer suas mamas e ficar atenta às alterações suspeitas, como aparecimento de nódulos/caroços, bem como outros sinais característica desta doença. Alerta ainda que para mulheres de 50 a 69 anos, que não pertencem ao grupo de risco é recomendada a realização de uma mamografia de rastreamento a cada dois anos e informa que o Sistema Único de Saúde (SUS) garante a oferta gratuita de exame de mamografia para as mulheres brasileiras em todas as faixas etárias.
“O CFESS, ao dar visibilidade para esta campanha, chama a atenção das assistentes sociais não só enquanto mulheres que podem desenvolver este tipo de doença, mas também para o trabalho que a categoria realiza no atendimento da população, em especial, as mulheres, nos diversos equipamentos públicos”, destaca a conselheira do CFESS, Solange Moreira.
Segundo ela, a categoria pode informar à população usuária sobre a campanha e sobre as possibilidades de acesso às políticas de saúde e assistência social, contribuindo para a detecção precoce da doença.
Entretanto, a conselheira do CFESS enfatiza que este debate sobre o câncer de mama não deve se fundar na tese de que saúde é somente “ausência da doença”.
“Quando se afirma que a mulher deve realizar o autoexame, que ela deve ficar atenta a qualquer transformação da mama, que ela deve manter hábitos saudáveis como forma de diminuir os riscos de desenvolver um câncer de mama, se acaba individualizando a questão, e não é assim que o Serviço Social brasileiro enxerga esta temática”, explica.
Para Solange, este diálogo deve abarcar tudo que envolve a saúde e a melhoria das condições de vida da população. “Se o Ministério da Saúde declara que a adoção hábitos saudáveis, como prática regular de atividades físicas, alimentação saudável, peso corporal adequado, colabora para diminuir as chances de desenvolver um câncer, é preciso questionar se o Estado brasileiro oferece à população o acesso a esta qualidade de vida”, indaga.
Além disso, é preciso cobrar também do poder público, condições para que as mulheres tenham acesso às políticas de saúde e que sejam realmente assistidas pelo SUS. “Em um contexto de aprofundamento de desmonte das políticas e dos direitos sociais, nossa tarefa como assistente social é procurar viabilizar o acesso da população aos seus direitos, cada vez mais violados”, completa.
A conselheira enfatiza também: “Apoiamos os princípios da Reforma Sanitária no Brasil, cujos valores estão assentados na defesa da democracia, dos direitos sociais e de uma saúde que seja pública, gratuita, universal e de qualidade. Reconhecemos a saúde como parte da seguridade social, como um campo de organização e luta da classe trabalhadora”.
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