21/05/2024
por Imprensa CRESSRS
Ontem à noite (20), o Conselho Regional do Serviço Social 10ª Região (CRESS-RS) exibiu o I Ciclo de debates Serviço Social e desastres: "O trabalho do Serviço Social no contexto de desastres”, com transmissão ao vivo pelo Youtube. Com 938 visualizações e duas horas de apresentação, a transmissão teve como convidadas Adriana Dutra, assistente social, professora da UFF e conselheira do CFESS e Nadianna Marques, assistente social e professora da UFSM, com mediação da presidenta do CRESS-RS, Cíntia Florence. O evento contou com intérpretes de Libras em consonância com a política anticapacitista do conjunto CFESS-CRESS e terá segunda edição.
Aos que buscavam respostas sobre a calamidade que o RS vive, desde o dia 02 de maio, as convidadas foram enfáticas em afirmar a relação do desastre com o avanço do Neoliberalismo no mundo todo. Para a presidenta do CRESS-RS, existe uma relação direta da crise com a sociabilidade capitalista e toda a destruição da natureza e das políticas sociais. A palestrante Adriana afirma que a inundação tem origem nas mudanças climáticas e no aquecimento global, que continua negligenciado pelos governos e acelerado pelo sistema capitalista. E Nadianna completa mencionando o negacionismo climático que existe na sociedade, que nega que o sistema capitalista vem esgotando os recursos naturais.
Mesmo assim, o impacto do desastre fragiliza a todos/as, causando sofrimento, insegurança, medo e incerteza. Também aos profissionais que foram convocados a trabalhar na calamidade, as dúvidas são muitas. “O desastre é um processo social intensificado pela falta de prevenção e de planejamento dos governos. Ainda assim, é presente em nossa sociedade. Nossa formação exige ultrapassar o imediatismo da catástrofe e compreender o que causa uma crise deste tamanho”, afirma Adriana Dutra.
Nadianna Marques nos lembra que desastres não são recentes no RS. Em menos de seis meses, Porto Alegre teve três decretos sobre situação de emergência e calamidade. “Não deveríamos estar mais preparados?”, questiona a assistente social. Em sua apresentação, ela expõe que os desastres, em geral, sejam por ordem natural e produto de uma sociedade capitalista, a qual novos processos produtivos acarretaram transformações profundas nas vidas dos sujeitos, evidenciam as expressões da questão social, na medida em que, os contextos de desigualdades sociais reforçam a importância das análises integradas incorporando as dimensões sociopolíticas e socioeconômicas. Ou seja, o desastre não escolhe quem vai atingir, mas a desigualdade revela quem mais sofre.
A/o assistente social pode e deve atuar em situações de desastre, conforme prevê o Código de Ética do/a Assistente Social. No entanto, segundo Adriana, existe uma diferença entre o trabalho voluntário e o profissional. É preciso diferenciar as ações humanitárias das atividades profissionais. Voluntários historicamente tem contribuído em situações de emergências, reforçando o caráter neoliberal da precarização. Nós, assistentes sociais, devemos ir contra o enfraquecimento das políticas sociais e exigir equipes de trabalho que estejam estruturadas. “É direito do trabalhador/a e da população usuária ter o trabalho garantido e não descontinuado ou com ação pontual, imediata”, reflete a professora.
Adriana orienta às/os assistentes sociais a sempre compreenderem para o que estão sendo requisitadas para poderem ser fiel às suas competências. “Somos nós que podemos auxiliar na elaboração de protocolos, planos de contingência e pensar novas políticas públicas e sociais que vão contribuir para o atendimento à população”, disse ela.
A transmissão ao vivo foi a primeira de uma série de atividades que serão agendadas pelo CRESS-RS. O conselho está em diálogo com o CFESS, com as coordenações de NUCRESS, com o Conselho Estadual de Saúde (CES-RS) e realizando os GTs do Serviço Social na Saúde e na Assistência Social para compreender o momento junto às representações da categoria.
Descrição da imagem: print da tela da reunião do I Ciclo de debates Serviço Social e deastres "O trabalho do Serviço Social no contexto de desastres, com a presença na tela das convidadas Nadianna Marques assistente social e professora da UFSM; Adriana Dutra assistente social, professora da UFF e conselheira do CFESS, da presidenta do CRESS-RS, Cíntia Florence e do intérprete de Libras, Lucas.