26/06/2023
por Imprensa CRESSRS
No dia 21/06, a convite da Assembleia Legislativa do RS, o CRESSRS esteve presente no evento de reinstalação da Frente Parlamentar em Defesa da Reforma Psiquiátrica. A Frente tem por objetivo promover discussões sobre o campo da Saúde Mental, bem como a retomada, ampliação e fortalecimento das políticas voltadas aos usuários da RAPS - Rede de Atenção Psicossocial. Salienta-se a necessidade de retomar as ações da RAPS - assim como as demais políticas sociais - que sofreram um desmantelamento promovido pelas forças conservadoras e neoliberais que assumiram o cenário político-institucional e social brasileiro.
Para a Conselheira do CRESSRS, Sharon Laborido, presente no evento, neste momento histórico de retomada progressista e reconstrução social, é imprescindível para a categoria de Assistentes Sociais somar-se às frentes de restauração das políticas sociais, considerando as bandeiras de luta da profissão para a defesa dos Direitos Humanos.
O CRESSRS reforça a necessidade do empenho da categoria na defesa da RP - Reforma Psiquiátrica e implementação de serviços substitutivos, extra-hospitalares e de base territorial, na luta pelo cuidado em liberdade e pela desinstitucionalização de pessoas em cumprimento de medidas de segurança, bem como sua inserção na RAPS, na luta pela defesa da redução de danos como paradigma de Atenção à Saúde e no posicionamento contrário à internações compulsórias e acolhimentos involuntários de pessoas em sofrimento psíquico ou usuárias de substâncias psicoativas, assim como todas as formas de preconceito, opressão, tortura e negligência para com estes cidadãos.
Durante a reinstalação da Frente, usuários da RAPS, representantes do governo e pessoas de referência na construção da RP no RS e no Brasil compuseram o espaço de fala. Uma das usuárias dos serviços de atenção em Saúde Mental de Porto Alegre, cuja vida foi marcada entre antes e depois da Reforma Psiquiátrica, declarou na tribuna: “antes da Reforma Psiquiátrica eu não tinha nome, eu era a louca do São Pedro. Hoje, me chamo cidadã e passei do lugar de ser cuidada para cuidadora. Meu filho, de 20 anos, não teve nenhuma internação, até hoje. Não se pode retroceder do cuidado em liberdade”. Suas falas evidenciaram a importância de ampliar esta defesa.
A apresentação artística do grupo Nau da Liberdade encerrou o evento, contextualizando em sua obra o tratamento discriminatório e excludente dispensado aos ditos “loucos” e entoando em coro, junto a todos os participantes da solenidade: “quero o meu direito de enlouquecer”.
Para a Conselheira Sharon, com estas manifestações, compreende-se que esses cidadãos reiteram a importância de a categoria fazer-se presente nos espaços de cuidado, de mobilização e de Controle Social, para que mais vidas, como a vida da senhora Cidadã, possam ser preservadas e realmente cuidadas, a partir do que entendemos como nosso Projeto Ético-Político. “Sigamos na boa luta!”, afirma ela.
Foto: Christiano Ercolani