14/09/2017
Trabalhadores/as da Previdência Social se depararam com anúncio, ainda não oficial, de mais uma medida do governo Temer de contrarreforma, agora na direção de privatização dos serviços previdenciários
por Assessoria de Comunicação CFESS
Desde ontem à noite (13/9), os/as servidores/as do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tiveram acesso à minuta de documento – portaria encaminhada pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e ainda sem número – que propõe novo Regimento Interno para o instituto. O documento, enviado para apreciação dos/as superintendentes e gerentes-executivos/as da autarquia, apresenta uma nova estrutura para o INSS, em que, entre outras mudanças, exclui o Serviço Social e abre espaço para atuação de “agentes externos” na prestação dos serviços previdenciários.
Na esteira de ataques e desmonte das políticas sociais e serviços públicos, intensificada no último período histórico do país, demarcado pelo governo ilegítimo de Michel Temer, os/as trabalhadores/as do INSS, incluindo assistentes sociais da instituição, têm denunciado um processo acelerado de desmonte do instituto, por meio de atos normativos da administração central. De forma antidemocrática, atos e normas são publicados, ignorando a legislação previdenciária e inviabilizando o desenvolvimento de atividades e serviços que são garantidos aos/às usuários/as da política de previdência social brasileira.
Serviço Social Previdenciário
O INSS tem agido sistematicamente com medidas que interferem no desenvolvimento de ações profissionais e, de forma irresponsável, compromete a prestação de serviços à população usuária, por meio da fragilização das equipes profissionais e da estrutura destes serviços. No caso do Serviço Social, as estruturas organizacionais, desde a Divisão de Serviço Social, foram excluídas do documento. Todos os espaços em que antes se fazia referência ao Serviço Social foram substituídos pelo termo “avaliação social”. Com essa medida, o governo atinge não somente estes/as profissionais, mas as/os milhares de usuárias/os destes serviços, que diariamente são atendidas/os em todo o Brasil, por meio da atuação dos/as profissionais de Serviço Social nas agências, gerências e superintendências do INSS.
O Conjunto CFESS-CRESS historicamente tem se colocado, em articulação com Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps) e outras entidades e movimentos sociais, na defesa da política de previdência social como parte constituinte da seguridade social brasileira, e apontado a necessidade de lutar pela consolidação e ampliação dos direitos sociais. Em relação aos ataques específicos ao exercício profissional de assistentes sociais, o CFESS vem acompanhando e incidindo junto ao INSS, sempre que ações são deferidas pela direção central no sentido de esvaziar o conteúdo das ações profissionais e que ferem a autonomia e exercício da profissão e, consequentemente, a prestação deste serviço.
Repudiamos a forma autoritária como esta minuta foi construída e seu conteúdo, que expressa um processo de restruturação do INSS que ignora completamente as necessidades dos/as usuários/as e a posição dos/as servidores do instituto, estando em sintonia com as medidas de austeridade do governo e seus projetos de contrarreforma da previdência social brasileira.
O CFESS já está tomando medidas no sentido de construir, em conjunto com a categoria e demais entidades, formas de resistência que garantam a manutenção dos serviços previdenciários. Reafirmamos a defesa desse serviço, que tem por objetivo: “esclarecer, junto aos beneficiários, seus direitos sociais e os meios de exercê-lo, e estabelecer, conjuntamente com eles, o processo de solução dos problemas que emergirem de sua relação com a previdência social, tanto no âmbito interno da instituição, como na dinâmica da sociedade” (Artigo 88 da Lei 8.213/91). E que, ao longo de seus 73 anos, se faz presente na previdência e tem atuado na defesa dos direitos e, com a sociedade, buscado a ampliação da previdência social brasileira como direito social.
Solicitamos informações dessa ação junto ao MDS, à presidência do INSS e à Divisão de Serviço Social e estamos analisando as denúncias já encaminhadas ao CFESS. Apesar de diversas reuniões e contatos realizados com o INSS, para tratar do exercício profissional na instituição, não houve consulta ou notificação destas alterações. Por fim, tomaremos as medidas necessárias na defesa da profissão e dos direitos previdenciários da população brasileira.
Conselho Federal de Serviço Social - CFESS
Gestão É de batalhas que se vive a vida - 2017/2020
Foto: Arte: Rafael Werkema/CFESS