24/02/2025
por Imprensa CRESSRS
A conquista do voto feminino no Brasil é um marco histórico fundamental na luta pelas desigualdades de gênero e pelos direitos das mulheres. Esse direito foi oficialmente garantido em 24 de fevereiro de 1932, com a promulgação do Código Eleitoral, que permitiu que as mulheres votassem e se candidatassem, embora com algumas limitações.
A conquista do voto feminino foi fruto de um longo processo de mobilização e lutas travadas por mulheres que, ao longo de décadas, questionaram as estruturas de poder e a exclusão política das mulheres da esfera pública. A mobilização das mulheres começou no final do século XIX e se intensificou no início do século XX, com o crescimento de movimentos feministas e de luta pela educação e participação política feminina.
Algumas mulheres gaúchas foram personagens importantes dessa trajetória. Carmen da Silva foi uma psicanalista, jornalista e escritora brasileira precursora do feminismo no país. Uma das principais sufragistas do Rio Grande do Sul e uma das líderes do movimento feminista no estado. Ela foi uma figura fundamental na luta pela educação das mulheres e pela conquista dos direitos civis e políticos para as mulheres. Carmen também teve participação ativa em debates sobre o papel da mulher na sociedade e na política, sendo uma das vozes que pressionaram pela aprovação do voto feminino.
As irmãs Revocata Heloísa de Melo e Julieta de Melo Monteiro também foram conhecidas pela luta pelo direito das mulheres no Rio Grande do Sul. Elas fundaram o jornal “O Corymbo”, em Porto Alegre. O periódico durou de 1884 a 1944, sendo um dos mais importantes e longevos jornais editados por mulheres no país. Com produções literárias de várias gerações de escritoras, teve relevância no conteúdo feminista brasileiro e grande contribuição a luta pelo direito ao voto feminino.
Já Natércia da Silveira foi a primeira mulher gaúcha a se graduar em Direito no Rio Grande do Sul, em 1926. Integrou a Federação Brasileira para o Progresso Feminino de Bertha Lutz; no entanto, uma divergência entre elas fez com que se separassem. Natércia fundou, então, em 1931, a Aliança Nacional das Mulheres. A organização teve um crescimento bastante rápido, chegando a contar, por volta de 1932, com cerca de 3.000 sócias. Essa federação foi essencial para unir mulheres de diferentes áreas do Brasil em um movimento coeso, que pressionava o governo pela concessão de direitos políticos às mulheres.
A conquista do direito ao voto trouxe consigo uma série de benefícios e avanços para a sociedade brasileira, ainda que tenha sido uma luta árdua e um passo inicial. Com o direito ao voto, as mulheres passaram a ter voz nas eleições e a influenciarem as decisões políticas do país. Esse direito garantiu maior visibilidade política para as mulheres e começou a abrir portas para o acesso a outras esferas de poder, como as câmaras municipais e a política nacional.
No entanto, desde o início da República, em 1889, o país teve uma única presidenta, Dilma Rousseff, e 16 governadoras mulheres. Dessas, só oito foram eleitas para o cargo. O Brasil ocupa hoje a posição 134 no ranking da União Interparlamentar que mede a porcentagem de mulheres no Parlamento em 183 países. Trata-se da última posição entre os países da América Latina. Nas eleições de 2024, foram apenas 18,24% de vagas a vereadora ocupadas e uma representação de 13% do total de prefeitas eleitas.
Se antigamente a luta foi pelo direito ao voto, agora a batalha é para a paridade de cargos e o pleno direito a ocupação dos espaços políticas por mulheres!
Descrição da imagem: As sufragistas gaúchas que lutaram pelo direito ao voto feminino. 24 de fevereiro de 1932 conquista do voto feminino no Brasil. Fotografias antigas de quatro mulheres sufragistas do Rio Grande do Sul. No rodapé, uma ramo de flores lilás.