10/07/2023
por Imprensa CRESSRS
O Conselho Regional de Serviço Social da 10ª Região juntamente com o Comitê Gaúcho de Assistentes Sociais na Luta Antirracista - coletivo de luta antirracista no âmbito da formação e do trabalho profissional -, vem a público manifestar solidariedade e apoio à luta das/os estudantes do Curso de Serviço Social da UFRGS, contra o racismo institucional vivenciado neste espaço.
O processo de paralisação ocorrido na última semana sinaliza para a necessária reflexão sobre práticas racistas, expressas ou silenciadas no cotidiano da formação profissional. Considerando que o racismo é estrutural e estruturante na realidade brasileira, faz-se necessário incidir em todos os espaços da vida social. Em especial, no âmbito da universidade, buscar fortalecer e construir estratégias para que estudantes negros (pretos e pardos) e indígenas tenham direito ao ingresso, permanência e conclusão de curso, com qualidade e dignidade.
A permanência na Universidade para pessoas negras e indígenas é um ato de resistência, não raro, pessoas universitárias negras e indígenas são as primeiras de sua família a conseguirem acessar a Universidade para qualificação de sua força de trabalho.
Importante ressaltar que a classe trabalhadora, não é um abstrato, mas é uma composição daqueles/daquelas que desprovidos dos meios de produção, têm como único meio de sobrevivência a venda de sua força de trabalho, sendo que nosso país é majoritariamente composta de pessoas negras e indígenas.
Deste modo, é fundamental a apreensão pelo Serviço Social de que o “racismo é peça indispensável para o capitalismo, pois é o elemento que azeita a máquina de exploração e dominação do capital sobre os corpos racializados e também o sustentáculo de profundas iniquidades históricas” (FORNAZIER, GONÇALVES, FAVARO, 2023). Neste sentido, torna-se necessário que conste na formação profissional conteúdos relacionados à temática das relações étnicos raciais para a qualificar a intervenção no cotidiano profissional.
Nosso compromisso coletivo, enquanto categoria profissional, com a construção de um projeto ético-político profissional voltado à emancipação humana requer a eliminação de todas as formas de exploração, opressão e dominação. Para isso, é necessário superar as lacunas ainda presentes na formação e no trabalho profissional no sentido de construir competências profissionais antirracistas. “Não basta não ser racista. É preciso ser antirracista” (Angela Davis).
Porto Alegre, 10 de julho de 2023.
Cômite Gaúcho de Assistentes Sociais na luta antirracista.
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